Segundo a apresentação que encontramos no site, trata-se de “mostrar o melhor da fotografia documental de casamento: nada encenado, sem poses, apenas imagens naturais e genuínas, fotografadas por alguns dos melhores fotógrafos do mundo.”
Para além de concursos organizados periodicamente premiando fotografias individuais e séries fotográficas de um mesmo casamento (lá iremos, num futuro post), apresenta um blog no qual dá a voz aos fotógrafos para partilha e dissertação em torno das imagens que vão sendo premiadas. E isto é, parece-nos, uma extraordinária iniciativa! Há finalmente um sítio que toma neste tema em mãos e se propõe a falar seriamente de fotografia de casamento: não de presets nem de gadgets; fotografia pura e dura.
Podem ler a versão original em inglês aqui ou de seguida em português:
Trindade
Esta é uma fotografia de um casamento de Junho em Portugal, que se espera seja quente e solarendo...mas não este ano! O Verão começou intensamente chuvoso por isso a noiva usou o átrio da igreja para se proteger enquanto aguardava o seu momento de entrar. Tiveramos nós um dia ensolarado e esta história seria diferente, ou tivera a noiva chegado à hora marcada... Isso é o mais extraordinário no modo como o dia acontece ante o nosso olhar: pouco se pode controlar mas pode-se absorver cada pequeno pedaço de beleza que há sempre em cada situação. Nada será “perfeito”, claro, mas é esse mesmo o desafio!
O que nos parece mais interessante nesta imagem é o triângulo que se pode traçar entre a noiva, as meninas das alianças e o noivo dentro da igreja, cuja presença apenas se adivinha. Mas sabê-lo ali, sentir a excitação das meninas e ver o sorriso rasgado da noiva, carrega a fotografia de toda a intensidade e emoção daquele momento.
Por ter esta carga emocional, esta parece-nos a melhor fotografia deste momento. No entanto isso é curioso uma vez que ela existe apenas porque quebrámos o nosso próprio plano de ação. Como alguns de vocês saberão, somos um casal de fotógrafos (juntos na fotografia e na vida). Tentamos sempre tirar o melhor proveito do facto de sermos dois e, nos momentos fundamentais do dia, colocamo-nos de modo a ter duas visões complementares do acontecimento.
Neste momento de entrada na igreja o plano era que a Raquel estivesse no coro sobre a porta, fotografando de cima, enquanto o Daniel faria a vista frontal da chegada da noiva. No entanto, como as coisas não aconteciam com a rapidez que o Daniel esperava, foi até à entrada em busca de algo (“se nada acontece no sítio onde estou, provavelmente estou no sítio errado...”, calculou). A curiosidade é provavelmente a arma mais poderosa para quem tem esta profissão e assim, ao aproximar-se da porta, encontrou as meninas das alianças olhando a noiva chegar e a própria noiva, impaciente e rejubilante! O Daniel saiu para o átrio, olhou para o altar e o resto é história... Ali estava a fotografia que tinha de ser tirada!
É tal como disse Cartier Bresson... “claro que é tudo sorte!”
Resta dizer que é um privilégio pertencer à família This is Reportage e ver as nossas imagens entre tantas tão extraordinárias.